A Taylor’s é uma das mais antigas casas de vinhos do Porto, com mais de três séculos de tradição.

Fernando Seixas, Export Sales Manager da Taylor’s, concedeu uma entrevista exclusiva para a DiVinho, falando da rica história da vinícola, das práticas sustentáveis, e de seu amplo portfólio de vinhos do Porto, confira: 

Fernando Seixas
Fernando Seixas

Conte um pouco da história da Taylor’s. 

A Taylor’s é a mais ilustre casa produtora de vinhos do Porto e beber os seus vinhos constitui, sem dúvidas, a mais sublime das experiências. 

A empresa foi criada há mais de três séculos, em 1692, sendo uma das mais antigas casas, dedicando-se exclusivamente à produção de vinhos do Porto e, especialmente, aos seus melhores estilos.

A longa e ininterrupta tradição familiar da empresa permitiu aprimorar as habilidades e os conhecimentos necessários para produzir os melhores vinhos do Porto, sendo, estes, constantemente refinados à luz da experiência que é passada de geração em geração.

A marca é reconhecida mundialmente como a grande casa de vinhos do Porto, sendo muito  respeitada como um produtor de vinhos do Porto envelhecidos, nos quais se destacam os distintos Porto Tawny.

A Taylor’s também é conhecida como a criadora do LBV ( Late Bottled Vintage ), um estilo no qual foi pioneira e que continua sendo o principal produtor.

Quinta de Vargellas
Quinta de Vargellas

Fale um pouco das práticas sustentáveis empreendidas pela Taylor’s. 

O sucesso que a empresa atingiu é inseparável do sucesso da própria região do Douro, onde a Taylor’s continua empenhada em proteger , praticando uma viticultura que é economicamente e ambientalmente sustentável. 

Esta proteção da região e das vinhas contribui para um ambiente de equilíbrio ecológico.

Por este motivo, desenvolvemos um modelo de viticultura sustentável, que permite produzir vinhos do Porto diretamente das nossas vinhas, de uma maneira que é, ao mesmo tempo, ecologicamente responsável e economicamente viável, ajudando a garantir o futuro da produção de vinhos do Porto de alta qualidade nas próximas décadas.

O modelo integra uma série de técnicas e estratégias que trabalham em conjunto para criar um ambiente equilibrado, diversificado e sustentável, nas vinhas e no seu ecossistema, garantindo, ao mesmo tempo, a qualidade dos vinhos produzidos pelas nossas videiras.

A base do modelo é a construção de patamares estreitos, cada um com apenas uma linha de videiras.

Os patamares são desenhados com muita precisão, usando máquinas de terraplanagem em que o operador é guiado por um sistema inovador de orientação a laser. 

Isso permite a inclinação longitudinal dos patamares com exatamente 3% com a horizontal.

Com esta inclinação, é possível atingir o equilíbrio entre a penetração da água da chuva no solo e o escoamento do excesso ao longo do patamar, evitando a erosão do solo, que constitui um desafio fundamental na viticultura de montanha e causa relevantes danos ambientais.

O nosso modelo de viticultura sustentável também é criado para reduzir o uso de herbicidas, anulando os de ação residual.

Um caminho entre a linha de videiras e a base do talude permite o acesso das máquinas. 

Assim, permite-se o crescimento natural das ervas no talude em terra pertencente a cada patamar, que pode ser facilmente controlado mecanicamente, reduzindo-se a perda de água, mantendo a integridade das encostas, proporcionando um refúgio para os insetos e  aumentando a biodiversidade nas vinhas.

Ao longo das linhas de videiras o controle é realizado pela plantação temporária de um tapete de espécies herbáceas autóctones, selecionadas, especialmente, pelo clima durante o ano.

Estas crescem durante o outono e inverno, florescendo na primavera, o que evita o crescimento de espécies invasoras. 

Dado que as vinhas estão em repouso vegetativo durante a maior parte deste período, esta plantação não compete com a videira no consumo da água do solo.

Este cobertor vegetal morre naturalmente com o início do verão, quando as videiras estão ativas, e pode ser cortado mecanicamente para formar um restolho, reduzindo a perda de água e restaurando a matéria orgânica natural do solo. 

Desta maneira, a vegetação herbácea autóctone regenera-se com facilidade, ano após ano, em perfeita harmonia com o clima e sem o risco de inversão de flora, o que ocorre com o uso indiscriminado de herbicidas.

Talvez o aspecto mais crítico deste processo seja a correta seleção de castas e a sua distribuição no terreno.

Garantindo que cada variedade esteja em sua localização ideal, o que lhe permite prosperar naturalmente, desenvolvendo a sua própria resistência às doenças, à seca e às pragas, enquanto continua a produzir uvas de alta qualidade e perfeitamente maduras. 

Este é um elemento-chave na viticultura de montanha, com a sua topografia variada e diversidade de microclimas, sendo particularmente importante na variante de clima quente e seco.

O novo modelo de vinha pode ser utilizado como base tanto para a viticultura sustentável, quanto apenas para a produção biológica.

Vinhedos - Quinta de Vargellas
Vinhedos – Quinta de Vargellas

A Quinta de Vargellas destaca-se entre as grandes vinhas do Douro. Quais os segredos dessa propriedade?

A Taylor’s tem três quintas que são a base para os seus grandes vInhos. Quinta de Vargellas, Quinta de Terra Feita e Quinta do Junco.

A Quinta de Vargellas ocupa um lugar de destaque entre as quintas do Douro.

Localizada no Douro Superior, a zona mais oriental e remota da Região Demarcada, que é considerada como a fonte dos melhores vinhos do Porto desde 1820. 

O traçado original da Quinta de Vargellas forma um vasto anfiteatro, orientado, ao norte, por vinhas em socalcos que se elevam acima do rio Douro.

Nas encostas íngremes, a oeste da adega, erguem-se muros de pedra dos socalcos mais antigos existentes na propriedade, os quais formam a chamada “vinha velha”. 

Os vinhos elegantes de Vargellas destacam-se por sua fruta complexa, inconfundível dimensão perfumada e taninos firmes e bem integrados.

Estas características são mais perceptíveis nos Vinhos do Porto Vintage Single Quinta, com o seu marcante aroma de violeta. 

No entanto, o vinho que representa a quintessência do terroir de Vargellas é o raro Vinho do Porto Vintage Quinta de Vargellas Vinha Velha, produzido em quantidades muito pequenas, a partir das videiras mais antigas da propriedade.

Vinhas Velhas - Quinta de Vargellas
Vinhas Velhas – Quinta de Vargellas

A Taylor’s conta com um variado portfólio de vinhos do Porto, como LBV, Ruby e Tawny.  

O vinho do Porto é, sem sombra de dúvidas, o maior de todos os vinhos fortificados, sendo a sua expressão suprema o Porto Vintage, que ocupa um lugar de destaque como um dos grandes vinhos icônicos do mundo, ao lado dos melhores produtos das grandes regiões vinícolas europeias.

A Taylor’s possui um dos maiores portfólios de vinhos do Porto Tawny e Ruby, o que possibilita oferecer ao mercado uma vasta gama de referências.

Nos Tawny, a Taylor’s tem desde o Fine Tawny até os Tawny com indicação de idade, que podem ir dos 10 aos 40 anos.

Temos, ainda, as edições limitadas de 50 anos e, por vezes, alguns vinhos muito antigos e raros, com mais de 100 anos.

Os Ruby são outros vinhos onde a Taylor’s oferece uma vasta gama de referências, com especial destaque para os LBV (Late Bottled Vintage), criados pela Taylor’s em 1970, e os Vintage.

Como é a produção dos vinhos do Porto brancos da vinícola? 

A Taylor’s foi pioneira na elaboração de um vinho do Porto branco seco para aperitivo.

O primeiro lote do Chip Dry foi lançado em 1934 e, desde então, conquistou devotos seguidores em todo o mundo.

O Chip Dry é feito a partir de uma seleção de vinhos do Porto brancos secos, produzidos a partir de uvas cultivadas na região do Douro Superior.

Embora sejam utilizadas diferentes variedades de uvas brancas, a casta Malvasia Fina é a que predomina.

Os vinhos individuais estagiam separadamente em tonéis de madeira de carvalho entre quatro e cinco anos, e são depois lotados, pouco antes de serem engarrafados, para dar equilíbrio e caráter.

A Taylor’s também produz o vinho Fine White, elaborado a partir de uvas brancas, cultivadas nas cotas mais altas do Vale do Douro.

As castas utilizadas incluem a Arinto, Boal (Sémillon), Codega, Esgana Cão, Folgasão, Gouveio, Viosinho e Rabigato. 

Os vinhos estagiam em tonéis de madeira durante cerca de três anos, onde adquirem suavidade e caráter.

São depois lotados para produzir um vinho do Porto branco rico, em um estilo tradicional encorpado e suave.

O Fine White revela um nariz rico e perfumado, com aromas frutados, toques de mel e madeira.

É encorpado e aveludado no paladar, com um longo e saboroso final.

Vinho Taylor's Chip Dry
Vinho Taylor’s Chip Dry

O 325º Aniversário é uma edição limitada que comemora os 325 da fundação da Taylor’s. 

Para comemorar os 325 anos de sua fundação, a Taylor’s decidiu lançar um vinho em edição limitada. 

O lote foi selecionado entre as extensas reservas de vinhos que envelhecem em madeira nas caves em Vila Nova de Gaia, destinados aos futuros Tawny de 10, 20, 30 e 40 anos, por David Guimaraens, enólogo da Taylor’s. 

A garrafa é uma recriação baseada em uma antiga garrafa selada do final do século XVII, data próxima da fundação da Taylor’s.

É o mais antigo exemplar de uma garrafa com gravação, contendo indicação de data e marca comercial, neste caso o “4XX”, símbolo ainda hoje utilizado pela Taylor’s.

Este Tawny opulento e sedutor é um tributo aos 325 anos da empresa e à reconhecida perícia na arte do envelhecimento em casco e na arte do lote dos melhores vinhos do Porto.

Qual é a melhor maneira de servir um vinho do Porto?

O vinho do Porto é muito versátil e pode ser harmonizado com muitos tipos de alimentos.

Comumente é servido no final da refeição, com uma seleção de queijos e frutos secos. Pode, no entanto, ser servido como um delicioso aperitivo, como é o caso do Taylor’s Chip Dry com água tónica.

No entanto, devemos alargar os horizontes e fazer de forma autônoma a apreciação deste fantástico vinho e considerar os diferentes estilos, combinados de formas que talvez nunca antes tivesse pensado.

Tomemos como exemplo a combinação do vinho do Porto com queijo.

Os perfis de sabor do queijo salgado e do vinho do Porto doce, ambos suficientemente fortes para não se deixar ofuscar pelo outro, caem nos extremos opostos do espectro do sabor, atuando de forma complementar, mais ou menos como um bom casal!

Contrastar sabores é apenas uma das possibilidades da experiência maravilhosa de harmonizar vinho e comida. 

Não se limite a beber vinho do Porto apenas nos meses mais frios. Considere os diferentes estilos de vinho do Porto e verá que pode bebê-lo nos doze meses do ano.

Não deixamos de beber vinhos tintos no verão, nem vinhos brancos no inverno, então por que deveria ser diferente com o vinho do Porto?

Sala das Barricas Taylor's
Sala das Barricas Taylor’s

Existe uma nova geração de jovens que estão descobrindo os prazeres dos vinhos, como é atender esse público?

O vinho do Porto é um dos grandes clássicos mundiais e, por isso mesmo, demora algum tempo a ser descoberto pelos consumidores mais jovens.

O percurso começa pela introdução no mundo do vinho, passando pela apreciação de vários estilos e origens, até chegar aos vinhos fortificados. 

Por conta disto, o vinho do Porto tem um perfil de consumidor um pouco mais adulto, acima dos trinta e cinco anos, e que já conhece e entende de vinho.

No entanto, isto não quer dizer que não pretendemos ir ao encontro dos consumidores mais jovens. 

Uma das formas de chegar a estes consumidores é através da criação de drinks pelo conceito da coquetelaria.

Existem vários drinks que podem ser feitos com vinho do Porto, como o famoso Portonic. 

Quais vinhos do Porto da Taylor’s você recomenda para quem está conhecendo a vinícola ou não entende muito de vinhos do Porto?

A recomendação depende muito da expectativa da pessoa, do ambiente e do próprio conhecimento acerca de vinhos.

Depende, ainda, se a pessoa gosta de vinhos mais secos ou mais doces, com taninos mais fortes ou mais suaves. Enfim, há uma infinidade de possibilidades. 

Na minha opinião, um Tawny 20 anos ou um LBV são sempre uma extraordinária opção.

Um Chip Dry simples ou com Tônica também pode ser uma ótima sugestão.


Você encontra os melhores vinhos do Porto da Taylor’s na DiVinho! E você, já provou os rótulos da vinícola?