Maria Paz Garcés, da Viña Garcés Silva, esteve no Brasil, no mês de maio, para um evento da Importadora Mistral.

Ela concedeu uma entrevista exclusiva para a DiVinho, falando do negócio da família e das linhas Amayna e Boya, confira:

Maria Paz Garcés
Maria Paz Garcés

Viña Garcés Silva é conhecida por ser um negócio familiar, como é fazer parte dessa história?

Esta história começa há muitos anos atrás com uma vinha que meu pai possuía na costa do Chile, no Vale de San Antonio, que era absolutamente árida.

Como não existia água não era possível o cultivo de nenhum tipo de plantação, somente havia cactos e a flora nativa típica de um litoral costeiro.

Sabíamos que era um terreno muito bom para receber vinhedos no futuro, mas era preciso trazer água.

Em 1998 começamos a trazer água do rio Maipo, subindo-a por duzentos metros de altura.

Assim, no ano de 1998 pudemos plantar os primeiros vinhedos e em 2003 realizar a primeira colheita.

Essa foi uma revolução para nossa família, pois foi o primeiro negócio que tivemos com o nosso nome, Garcés Silva.

Assim começou uma história que continua sendo construída todo dia com muita paixão.

Estamos envolvidos no negócio no dia a dia, com o meu pai divulgando a vinícola por vários lugares do mundo, destacando a qualidade de nossos vinhos.

Vinhedos Viña Garcés Silva
Vinhedos Viña Garcés Silva

A localização dos vinhedos próximos ao Oceano Pacífico traz dificuldades para a produção?

A proximidade ao Oceano Pacífico é fundamental na genética de nossos vinhos.

Apesar do nome, de pacífico o oceano não tem nada.

É um oceano muito frio, com muitas tormentas e correntes, bastante salino.

Nós estamos muito expostos ao mar, não temos nada que nos proteja geograficamente.

Portanto, a influência marinha atinge diretamente os vinhedos. 

Nosso objetivo é trabalhar os vinhos de tal forma que quando você prove um Amayna ou um Boya não tenha dúvidas de que é um rótulo costeiro.

São vinhos bastante minerais, salinos e frescos.

A influência marítima que entra nos vinhedos é refletida de alguma maneira nos vinhos.

Ademais, temos um terroir que empresta essas características aos vinhos.

Trabalhamos com vinhos honestos, que não escondem seu lugar de origem.

E o lugar de origem desses vinhos é costeiro. 

Sendo um mar gelado, salino e tormentoso.

A produção da Garcés Silva é bastante pequena, fale um pouco dessa opção.

Temos uma produção pequena porque queremos manter uma categoria premium.

Temos duas linhas, uma com foco mais premium do que a outra, com um preço mais elevado.

Entretanto, ambas são premium dentro de sua qualidade.

Existe a teoria que para ter uma boa culinária é preciso ter uma escala pequena.

Essa é um pouco da lógica que seguimos com os nossos vinhos.

Mas quero deixar bem claro, que nossas duas linhas, tanto a Amayna quanto a Boya são linhas diferentes.

São estilos tão distintos que temos técnicas diferentes de produção e enólogos diferentes para elaboração dos rótulos. 

Justamente para obter dos mesmos vinhedos vinhos tão distintos.

Sala das Barricas Viña Garcés Silva
Sala das Barricas Viña Garcés Silva

O Projeto Amayna já ganhou vários prêmios importantes, como pelo Guia Descorchados e pela revista Wine Enthusiast. Como é ver o trabalho da Garcés Silva ganhar esse reconhecimento?

Trabalhamos para os consumidores finais.

Nosso maior prêmio é o reconhecimento que nossas linhas Amayna e Boya vem recebendo pelos consumidores.

Esse é um trabalho que vem desde produzir um bom, ter uma boa importadora e uma equipe de vendas preparada e motivada pelos vinhos.

Claro que os prêmios são importantes, entretanto não trabalhamos com os vinhos para esse fim.

Mas para que sejam apreciados pelas pessoas que gostam de um bom vinho.

Acabamos de receber uma pontuação de 96 pontos por James Suckling no Syrah Amanya 2016 que é importante para nós.

Mas o mais importante mesmo é que nossos consumidores quando desfrutem de um Amayna e de um Boya percebam que é um vinho distinto e costeiro.

O Amayna Sauvignon Blanc é um cartão de visitas da Garcés Silva, fale um pouco desse rótulo.

O Amayna Sauvignon Blanc é realmente uma carta de apresentação de nossos vinhedos, porque se adapta perfeitamente ao terroir onde estamos.

Sauvignon Blanc é uma cepa que se adapta facilmente à região costeira.

É um vinho que está perfeitamente adaptado ao seu local de origem.

Nosso Sauvignon Blanc é muito especial.

Em Amayna buscamos frutas maduras. Em Boya, frescura.

É um vinho salino, fresco e bastante mineral que harmoniza muito bem como peixes e frutos do mar.

Vinho Amayna
Vinho Amayna

Existe uma nova geração de jovens que estão descobrindo os prazeres dos vinhos, como é atender esse público?

Foi especialmente para atender a esse novo público que desenvolvemos a linha Boya.

Porque Amayna é uma linha de vinhos mais maduros, mais próximos ao estilo do Velho Mundo e muito gastronômicos, que são rótulos pensados para acompanhar as refeições.

Para atender os millennials criamos a linha Boya, que vem justamente trazer mais frescura, com teor alcoólico não tão alto e sem envelhecimento em barricas.

São vinhos que não escondem sua origem.

Pensados para esse público mais jovem e exigente que no futuro também pode apreciar a linha Amanya.

Os brasileiros cada vez mais estão valorizando os vinhos chilenos, quais são os rótulos preferidos?

Observo que em nossos vinhos os brasileiros têm a preferência pelo impulso e pela força do Pinot Noir.

É um sucesso muito grande e a opinião dos brasileiros é importante, pois uma das primeiras vendas que realizamos foi para o Brasil.

Os brasileiros dizem que gostaram do Pinot Noir e queriam o Pinot Noir.

Isso pra nós foi muito importante, pois nesse momento o Pinot Noir não existia no Chile, era somente o Cabernet Sauvignon.

Estar no Brasil, um país que tem uma alta cultura de vinhos, pois tem disponível rótulos de todo o mundo e apreciarem dessa forma o Pinot Noir Amanya foi maravilhoso para nós.

Adega Viña Garcés Silva
Adega Viña Garcés Silva

Como você já havia comentado, o Pinot Noir é o rótulo favorito dos brasileiros, quais outros rótulos da Garcés Silva você recomenda?

Nosso Syrah é surpreendente, pois é um Syrah de região fria, sendo que os rótulos dessa cepa no Brasil são na sua maioria provenientes de regiões quentes.

Nossa família foi a primeira a produzir um Syrah em uma região fria, foi um processo que demorou muitos anos, com a primeira safra em 2007.

É um Syrah bastante distinto, mais frutado e com mais especiarias.

É ideal para acompanhar pratos como carne, como a de cordeiro e com trufas.

Harmoniza muito bem com a cozinha brasileira.


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