Bodega Garzón  foi eleita como a Melhor Vinícola  do Novo Mundo segundo a Wine Enthusiast no ano de 2018.

Claudio D’Auria, Gerente Comercial da Garzón, concedeu uma entrevista exclusiva para a DiVinho, falando do terroir privilegiado da vinícola no Uruguai, dos modernos processos de produção e de seus renomados rótulos, como Balasto e Petit Clos, confira:

Bodega Garzón representa o que há de mais moderno no cenário vitivinícola do Uruguai, conte um pouco de sua história. 

Bodega Garzón é uma vinícola muito nova no universo do Uruguai.

E mesmo o Uruguai não é conhecido no mundo inteiro, apesar de contar com uma tradição centenária de fazer vinhos.

Somente nos últimos quinze, vinte anos, o país começou a olhar para o exterior, porque a realidade vitivinícola do país e do mundo exigia isso. 

Pode-se verificar uma mudança muito grande na viticultura uruguaia antes e depois de Garzón.

No conhecimento dos vinhos. No conhecimento do terroir.

E também em uma maneira muito mais profissional e focada no que o consumidor deseja. Pontos que antes não eram levados em conta.

Um exemplo é aquele Tannat duro, fechado e difícil de beber de quinze anos atrás.

E que hoje é um vinho muito mais elegante, adocicado e representante verdadeiro do Uruguai.

Neste contexto, neste cenário, Garzón é protagonista. 

Hoje, Garzón é o maior exportador do Uruguai, com mais de 35% das exportações. 

Os vinhedos estão localizados em um terroir privilegiado, perto da costa, com influência do atlântico. Como essas condições influenciam na produção dos vinhos? 

Nós estamos localizados a dezoito quilômetros do oceano atlântico, em uma região de brisas constantes.

Essas brisas ajudam principalmente em três grandes eixos. O primeiro, a saúde das videiras.

Chove muito no Uruguai, acima de 1.400 milímetros ao ano e em um período onde também se tem muito calor essa umidade é um ninho para enfermidades, um problema sanitário.

As brisas constantes fazem com que a videira fique muito mais fresca e seque mais rapidamente. 

A influência oceânica também ajuda a baixar a temperatura e o nível de exposição solar de nossas videiras.

O solo da Garzón é principalmente composto de granito.

Nos dias de calor você tem o nível de exposição das uvas ao calor natural e a refração das pedras do solo.

Essas brisas ajudam a temperar os vinhedos e contribuem para o caráter marinho, aquelas notas iodadas e salgadas, que são próprias da influência oceânica e destacam-se nos vinhos, como o Albariño Single Vineyard. 

Essa influência oceânica provavelmente vai continuar por séculos e ela ajuda a construir um terroir único. 

Vinhedos Bodega Garzón
Vinhedos Bodega Garzón

Bodega Garzón conquistou o título de Melhor Vinícola do Novo Mundo segundo a Wine Enthusiast, como foi ganhar esse reconhecimento?

Foi todo um processo, pois são muitos concorrentes, mais de dez mil rótulos que concorrem para essa distinção.

O primeiro passo é a seleção entre cinco vinícolas.

Para nós, tão jovens, já era uma premiação ter essa nomeação. 

Estávamos concorrendo com outras cinco vinícolas, como a Trapiche, e bodegas do Canadá e da África do Sul.

Parecia impossível para nós.

Fomos comunicados dessa nomeação no início do ano e só conhecemos o resultado na primeira semana de novembro.

Não estávamos preparados para isso.

Imagine uma vinícola jovem do Uruguai declarada por uma instituição do mundo do vinho como a Melhor Vinícola do Novo Mundo. 

E é um orgulho muito grande, que todos que participaram desse processo vão levar para a vida inteira. 

Foi o reconhecimento de um trabalho em equipe. 

A adega de Punta del Este é impressionante, concebida segundo as mais rigorosas normas sustentáveis, com certificação LEED. Como foi o desenvolvimento do projeto e a construção?

Somos a única bodega da América do Sul com certificação LEED, que tem como princípio  que todos os recursos energéticos e materiais devem evitar o dano ambiental e a poluição.

Todos os materiais que podiam ser conseguidos na região, mesmo que fossem mais caros, para atingir essa certificação, foram escolhidos. 

A construção teve que impulsionar processos que não existiam.

Por exemplo, como medir o consumo de luminárias que você terá em um espaço de duzentos metros cúbicos. 

Tudo isso nos levou a sermos muito mais exigentes e a ter um apego a todos os detalhes.

É uma certificação que a cada ano tem que ser renovada. Temos que mostrar o compromisso com o meio ambiente de forma constante.

É realmente uma vocação. 

Sustentabilidade na Adega Bodega Garzón
Sustentabilidade na Adega Bodega Garzón

A vinificação é guiada por um sistema de gravidade, fale um pouco desse processo.

O processo não é totalmente gravitacional, mas nosso enólogo,  Alberto Antonini, tem como princípio que a transformação de uma uva em um bom vinho deve ter o mínimo de intervenção. 

Os processos de vinificação, como esmagar as uvas e transportar o líquido de um lugar para o outro, muitas vezes envolvem forças cinéticas que estão completamente opostas a manter a qualidade sensorial do vinho.

No princípio gravitacional você não tem o impacto de acrescentar temperatura por um maquinário que vai fazer uma turbina com o vinho.

O que usamos é a gravidade e também bombas especiais que empurram o vinho, onde não se tem aumento de temperatura e mínima intervenção de oxigênio externo. 

Não estamos expondo o vinho a todos esses acidentes sensoriais que podem prejudicar sua qualidade. 

Balasto é um verdadeiro ícone da Garzón, qual o seu segredo?

Muitas vezes eu falo que Garzón tem um astral especial e Balasto faz parte dele.

Balasto faz alusão ao nome da rocha, balastro, uma alteração do granito quase integrado ao terreno.

Onde se tem aflorações de rochas, mas também fico atomizado, quase misturado ao solo.

Balasto representa os elementos que fazem nosso terroir diferente.

Por exemplo, você pode ter uma chuva de cem milímetros e pelo solo você tem uma drenagem muito grande.

As videiras trabalham muito para pegar os nutrientes. 

Balasto é parte fundamental da Garzón. Seu segredo é o segredo da vinícola mesmo.

É um lugar onde as coisas acontecem de um modo muito natural. 

Hoje, Balasto é um blend de variedades, mas que sempre vai ser o melhor que temos a cada colheita.

E sua composição vai conter os ícones de cada colheita.

Então, quando falamos de Balasto é um vinho para ser guardado por vinte, trinta anos. 

Um vinho para entender a evolução de um lugar que antes da Garzón não tinha nada.

Por milênios essas bacias, onde hoje está Garzón, foi rocha virgem, movimentando-se e estruturando-se naturalmente. 

Como Antonini, nosso enólogo, fala, quando ele olhou o projeto Garzón decidiu não entrar de um jeito avassalador, mas de forma muito respeitosa.

Dessa maneira, Balasto é a expressão do terroir autêntico de Garzón. 

Adega Bodega Garzón
Adega Bodega Garzón

Petit Clos é um rótulo premium, como é sua produção?

Petit Clos é um desafio a cada ano, porque nosso enólogo e nosso engenheiro agrônomo têm que selecionar cuidadosamente, com muita rigorosidade e profissionalismo as parcelas que estão prontas e são adequadas para cada uma destas castas.

Petit Clos é um conceito francês, “Clos” é uma parte diminuta de uma parcela já pequena, às vezes de menos de um quarto de hectare.

Como temos delimitadas essas parcelas, consideramos cada uma como um “Clos”.

Fizemos a primeira edição, Petit Clos 127, em uma parcela muito próxima a eucaliptos e pinheiros, menos de um hectare, bem delimitada e que tinha uma característica ultra premium para o Cabernet Franc. 

Foi uma decisão muito difícil, pois você está fazendo uma concorrência.

Vai estar dentro de Balasto ou terá um identidade única?

Esse desafio continua esse ano com Petit Clos 550. 

Tanta foi a exigência, que no ano de 2018, o desafio fundamental foi pensar fora da caixa.

Se temos Petit Clos Cabernet Franc, por que não podemos ter Petit Clos Tannat e Petit Clos Albariño?

E isso está próximo. 

Sala das Barricas Bodega Garzón
Sala das Barricas Bodega Garzón

Fale um pouco da linha Estate.

A linha Estate para nós tem um equilíbrio muito especial, da fruta, da concepção do vinho, do estilo do vinho e também de frescor.

Todos os nossos vinhos têm uma acidez muito marcada, bem interessante.

Na linha Estate temos uma interpretação daquelas castas frescas, daqueles rótulos modernos e de vinhos que sejam principalmente  baseados nos pilares de acidez, no cerne da casta e na expressividade do terroir em 100% varietais.

Só fogem dessa regra Tannat de Corte e Cabernet de Corte, que são dois ótimos assemblage.

Tannat é um corte com Marselan, Petit Verdot e Cabernet Franc.

E o Cabernet é um Cabernet Franc com Tannat, Merlot e Marselan.

São vinhos jovens, muito gastronômicos, fáceis de beber e com muitas possibilidades de harmonização.

Mas também são vinhos com ótimo custo-benefício.

Experimentado o Sauvignon Blanc e o Pinot Grigio você irá perceber essa acidez e essa expressividade. 

O nosso melhor exemplo é o Pinot Noir Rosé, que é um estilo provence, 100% Pinot Noir do Uruguai e completamente sedutor. 

A linha Estate representa o primeiro contato com os novos consumidores e ele deve ser assim mesmo, sedutor. 

Existe uma nova geração de jovens que estão descobrindo os prazeres dos vinhos, como é atender esse público?

Para atender esse público temos uma teoria e alguns fundamentos de estudos feitos no Brasil por grandes conhecedores do setor vinícola que comprovarem que o consumidor de vinhos brasileiro tem cerca de 70% de abertura para experimentar coisas novas.

O consumidor jovem procura mais experiências sensoriais.

Esse impulso sensorial mudou a concepção do consumo e de escolha dos jovens.

Quanto maior certeza esse consumidor sensorial tem na escolha que está fazendo maior fidelidade ele tem com a marca. 

Acredito que a grande lição que teremos nos próximos anos será que esses jovens que vão nos ensinar a escolher.

Esse é o grande desafio. 

Bodega Garzón
Bodega Garzón

Quais rótulos Garzón você recomenda para os brasileiros experimentarem?

Pensando no final do ano, para o Natal e para o Réveillon, recomendo nossos vinhos frescos, como Albariño Reserva, Albariño Single Vineyard, Sauvignon Blanc Estate, Pinot Grigio Estate e Pinot Noir Rosé Estate. 

Em um momento mais sofisticado, uma noite mais fresca, um Tannat é um ótimo companheiro para carnes grelhadas. 

Para um consumidor que busca algo mais diferente temos Marselan Reserva, que é pouco conhecido, mas muito fácil de beber. O

Petit Verdot Single Vineyard e Merlot Single Vineyard são maravilhosos também, muito elegantes.

E, lógico, nosso espumantes, Extra Brut e Brut Rosé.

Para mim, espumante é um sinônimo de alegria e felicidade, simplesmente pelas borbulhas. 

Escolha todos! 


Você encontra os melhores vinhos da Bodega Garzón na DiVinho! E você, já provou os rótulos da vinícola?